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Laíra Alves: Ser Mulher, Ser Arte, Ser Mundo

Laíra Alves manifesta seu poder no mundo através da arte. Atriz, artesã especializada em bonecas e caricaturas em feltro e criadora da Fazendo Arte, ela também é poetisa, bailarina e Guardiã do Teatro da Solidão Solidária, além de ter atuado como assessora de produção do mestre de cultura popular Bule Bule. Formada em Artes com concentração em Teatro pela UFBA e pós-graduada em Metodologia do Ensino de Arte e em Literatura Brasileira no contexto da Literatura Universal, Laíra reúne saberes, ancestralidade e sensibilidade para construir uma trajetória que toca, transforma e inspira.

Nesta entrevista, ela compartilha como a arte sempre fez parte de sua vida, de onde nasce sua criação, como o feminino atravessa sua expressão e de que forma sua obra se tornou uma fonte de cura, força e liberdade para si e para outras mulheres. Confira:

 

Como a arte entrou na sua vida e o que ela representa para você hoje?

A arte já estava no meu berço. Nasci em uma família de artistas e ESCOLHI a arte como meu caminho. Cresci nos bastidores de espetáculos de teatro, rodeada por livros e histórias, apreciando a arte nas suas mais variadas formas. Hoje a arte representa a minha identidade, o meu lugar no mundo, o que faz ser eu mesma. Pude perceber pela dor, que quanto mais me afastava da arte, mais meu corpo e minha alma sofria. 

De onde vem a inspiração que move o seu processo criativo?

O amor (em sua forma plena) é a minha maior inspiração, principalmente na poesia. O amor pela minha filha, o amor pelo meu companheiro, o amor em estar viva, o amor em me escolher. Esse brilho de vestir e viver o amor está comigo quando me coloco à disposição para um personagem, quando escrevo, quando produzo uma caricatura e imagino o olhar pra si de quem a recebe e se enxerga nela.

Quais temas, emoções ou vivências femininas mais atravessam a sua arte?

O feminino é um lugar de cura, e comigo não foi diferente. Ser mulher e ser mãe me tornaram a Laíra que enxerga um mundo abraçado e bordado pelas mulheres, na força e sensibilidade. Nas vezes em que estive perdida mulheres me abraçaram e me fizeram ver a luz, seja nos reinados internos, seja na voz negra feminina que leio, seja nas atrizes que abriram caminhos para estar hoje aqui…

Qual foi o momento em que você percebeu o poder transformador da sua arte (em você e nas pessoas ao redor)?

Quando tomei consciência de que podia fazer caricaturas de mulheres e meninas, principalmente, descobri o quão poderoso era transformar a minha arte em ferramenta de poder para mim e para cada uma delas. Assim como o momento em que abracei a minha criança interior e a fiz abraçar outras crianças através do olhar de cada um que se permite transformar. Neste ano, após 7 anos, decidi voltar a fazer arte integralmente e a cada dia me sinto mais plena e feliz por reafirmar minha existência, sendo artista, sendo eu mesma.

Como é, pra você, ser uma mulher artista num mundo que ainda tenta nos limitar?

É desafiador e fantástico ser mulher e artista HOJE. Sinto que pude abrir um portal, me conectando e libertando as minhas ancestrais, assim como a linhagem que vem através de mim. Sou a primeira mulher da minha família a escrever livros, e uma de poucas que tiveram liberdade para seguir o coração, sem as amarras de uma sociedade patriarcal.

Quando você se manifesta através da arte, o que sente que desperta no coletivo e nas outras mulheres?

Quando estou fazendo arte posso ser eu mesma e dizer: sejam e estejam onde quiserem. Sonhar e realizar é possível e real.

Foto de Manifesta Feminina

Manifesta Feminina

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